Rosas e Champanhe - Capítulo - 01
Já é tarde.
Yiwon estava sem fôlego e se apressou a descer a rua. Ele costumava pegar o bonde, mas hoje estava atrasado.É melhor andar. Enquanto corria, calculava as despesas na cabeça. Ele estava vivendo com um orçamento apertado. Preciso poupar um pouco.
Yiwon consultou rapidamente o seu velho relógio de pulso e decidiu correr. São apenas algumas quadras então vamos se anime. Mesmo saindo a tempo, o vento amargo do Norte bateu impiedosamente em seu rosto. Estava tão gelado que sentiu vontade de xingar a si próprio. Na paisagem acelerada, entre os inúmeros prédios, ele encontrou de repente um homem alto andando pela rua falando no celular.
Ups…
Já era tarde demais. Os seus pés não conseguiram desacelerar e ele não podia desviar para o lado. No momento que ele fechou os olhos com força, ele vislumbrou o homem virando a cabeça para olhá-lo com uma expressão de surpresa no rosto
— Oh, Deus…
O homem agarrou-se à cintura de Yiwon com uma breve exclamação. Seus corpos se chocaram e o rapaz foi esmagado violentamente contra o homem, ficando momentaneamente sem fôlego. A rapidez do homem em tentar esquivar-se do seu corpo foi admirável, mas o resultado não foi muito bom. Foi bom em segurar a cintura de Yiwon, que quase caiu, mas de repente ele sentiu uma pressão em seu estômago, e quase vomitou por reflexo.
— Sinto muito.
Yiwon, que apenas murmurou e levantou a cabeça, se surpreendeu ao ver o rosto do homem que era ainda mais alto do que ele. Era incomum para Yiwon, que era considerado alto por si só, olhar para alguém assim. Mas o homem parecia ser uma cabeça maior do que ele.
A primeira coisa que chamou sua atenção foi o cabelo loiro platinado, de brilho excessivo. Quando Yiwon e tinha o seu olhar perdido no cabelo loiro balançando suavemente ao vento, rapidamente se recompôs e olhou um pouco mais para baixo. O par de olhos cinza-prateados o observava fixamente. Yiwon segurava a respiração enquanto encarava os olhos cinza-prateados que o lembravam um grande lobo polar, quando o homem abriu a boca suavemente.
— Você está ferido?
— Oh, estou bem… Obrigado.
Yiwon se que se apressou em voltar a si logo se afastou dele. O homem que o soltou, mostrou um breve sorriso. Ele recuperou a razão e ficou parado em frente ao loiro, mas o homem, inevitavelmente, chamou sua atenção. O corpo alto parecia brilhar à luz do sol do norte. Sob o terno preto envolto em músculos sólidos, o homem usava um suntuoso e longo casaco de pele que parecia ser feito com peles de caça. O homem era, incomparavelmente, mais elegante do que Yiwon, que corria como um louco usando um terno barato.
Porque um homem assim está passando em um lugar tão pobre?
De repente, um dente canino branco revelou-se através dos lábios eróticos do homem. Yiwon percebeu que estava olhando para ele excessivamente e abriu a boca.
— Lamento pelo inconveniente.
— Não é nada.
O homem respondeu brevemente de forma clara, sem tirar os olhos de Yiwon, que se sentiu desconfortável ao ser observado fixamente, sem pestanejar.
— Então eu já vou.
Estava prestes a sair, quando o homem o chamou.
— Espera.
Yiwon olhou para trás com espanto e o homem disse, ainda o encarando.
— Não é melhor usar óculos de sol?
Yiwon piscou os olhos com o comentário inesperado. Já tinha ouvido dizer que o sol refletido na neve é mais forte que a luz do sol no verão. Isso era algo natural na Rússia, onde metade do ano é inverno, mas dizer isso a um estranho de forma tão aleatória assim, era de se estranhar. Além disso, não seria correto supor que quem deveria estar de óculos escuros era esse homem com olhos cinza-prateados tão exuberantes?
Lembrando-se do temperamento dos russos, que tendem a repreender estranhos sem hesitar, Yiwon não proferiu uma única palavra. Ele sorriu vagamente, nem positiva nem negativamente, e logo voltou à realidade, apagando de sua mente o que tinha acabado de acontecer.
Meu Deus, é muito tarde.
Quando começou a correr novamente, o homem ficou parado lá e continuou a olhando.
[…….]
O celular tocou. O homem pegou no telefone e abriu a boca.
— Oh, Dimitry… Tive um incidente… não, não é nada de especial.
Ele sorriu brevemente enquanto fixava os olhos na direção de Yiwon, que já havia desaparecido.
— É que acabei de presenciar uma pornografia ambulante.
***
— Merda, vocês não entendem? Já dissemos que esta loja é nossa a partir de hoje! Saiam daqui agora mesmo!
A mulher de meia-idade, com o rosto assustado, agachada em um canto chorando, não podia nem sequer protestar contra os homens rudes que gritavam palavrões enquanto atiravam mesas e cadeiras ao acaso. A multidão sussurrava e observava a situação, mas ninguém estava disposto a dar um passo à frente e reagir ao ataque. Assim, os homens se sentiam ainda mais animados, atirando coisas enquanto faziam um escândalo.
— Se não quer morrer, vaza daqui. Tá surda? Parece não entender o que estou dizendo, quer ser espancada até entender mulher? Você quer morrer?
Apenas quando os punhos foram levantados contra a mulher, pequenas exclamações irromperam daqueles que observavam. De repente, o braço do homem foi bloqueado no ar, e ele virou a cabeça, surpreso com a inesperada contenção.
— Ahm? O que?
Uma sombra negra apareceu na contraluz, parecendo ter saído do nevoeiro gelado. O homem, que franziu o cenho inadvertidamente, piscou rapidamente antes de perceber que fora interceptado e seu braço foi bruscamente agarrado.
O homem bastante alto era magro, mas tinha um belo físico que lhe caía bem com o terno. Os músculos que se uniam uniformemente aos ossos longos de suas articulações não eram exagerados ou fracos. Eram o suficiente para combinar com sua com seu belo rosto fino. O cabelo preto, que, quando visto contra a luz parecia azul, aparentava carregar uma etnia mista ou sangue estrangeiro alheia aos eslavos ele também tinha olhos negros incomuns.
Ele, que era mais alto do que a média, olhava para o homem menor com um olhar frio que lembrava uma geleira, e o homem ficou momentaneamente atordoado. Apesar da situação, era inevitável pensar como nunca tinha visto um homem tão bonito. Não, nem sequer tinha imaginado ver alguém tão belo. Como pode ser tão atraente apesar de ser obviamente um homem?
O recém chegado, que se encaixava perfeitamente com a expressão “obsceno”, derreteu imediatamente a mente do seu oponente com apenas um olhar frio, abalando sua determinação. Se aproveitando do olhar perdido do homem encantado, ele abriu a boca despreocupadamente, como se fosse algo corriqueiro.
— Este tipo de comportamento é ilegal. Por favor, proceda legalmente e regresse.
— O quê?
— Ivanov, o que você está fazendo? Se livra desse cara!
Assim como o homem, que se encontrava preso pelo braço, os outros homens que pareciam encantados voltaram a si, tardiamente, gritando e se repreendendo entre si. Talvez por se sentir envergonhado, já que havia perdido sua compostura por causa de outro homem, Ivanov apressadamente brandiu seu outro punho, buscando acertar o mais alto, mas o homem não conseguiu nem empurrá-lo corretamente, que dirá bater no rapaz que, torceu o braço de Ivanov para trás.
— Ah, ah, ah, ah, ah, ah!
Os homens, envergonhados pelos gritos e luta indecorosa de Ivanov, gritaram tardiamente e atacaram todos ao mesmo tempo. O homem empurrou Ivanov no chão e deu socos e pontapés naqueles que o atacavam.
Os outros homens reunidos contiveram a respiração, se perguntando o que fazer com os olhos bem abertos, mas a luta do homem contra os quatro terminou com uma vitória esmagadora. Depois de evitar os golpes do último homem, ele imediatamente se estendeu e o chutando com força entre as pernas, que tinham sido deixadas bem abertas. Um grito de dor ressoou, e os homens devastados fugiram em lágrimas e mancando pateticamente.
Só quando viu a sombra do último desaparecer foi que o homem sacudiu ligeiramente seu terno e virou a cabeça. A mulher, que até então estava escondida num canto, permaneceu contemplativa e engoliu em seco enquanto fazia contato visual com ele.
O rapaz, que tinha alinhado o seu terno com um gesto familiar, aproximou-se dela e estendeu a mão, dando-lhe um sorriso amigável.
— Você está bem? Desculpe o atraso. Tive que correr um quarteirão porque o bonde elétrico quebrou.
A mulher percebeu o cabelo preto do homem colado à testa pelo suor. No entanto, ela ainda estava hesitante em pegar sua mão, então ela apenas o encarou com desconfiança e medo.
— Você… Mas que demônios …? O que fez ? Você sabe quem são eles?
— Não reparei. Acho que vou ter que ouvir vocês para saber mais detalhes.
Quando ele mostrou um sorriso no rosto, a mulher ficou bastante surpresa, ele parecia considerar toda a situação um tanto cômica.
— Disse que não sabia e mesmo assim entrou na briga? Você esmurrou eles! Em que diabo estava pensando?
No entanto, apesar da pergunta embaraçosa da mulher, ele permaneceu relaxado.
— É uma crença que se levar uma bofetada, tem que quebrar o braço de quem o atingiu. Olho por olho, dente por dente, violência por violência.
Ela levantou-se hesitantemente com um olhar de desconfiança. Suas pernas trêmulas refletiam seu nervosismo, então preferiu evitar a mão do homem.
— Mas por que me ajudou? O que te traz aqui?
Ainda em alerta, o homem mexeu no bolso interior do seu terno. Contudo, ele tirou um fino cartão de visita e entregou rapidamente à mulher, que engoliu saliva e enrijeceu o corpo. O rapaz abriu a boca para se dirigir a ela, que pestanejou de vergonha, como se já não sentisse mais medo.
— Perdão por chegar tarde. Você ligou para o escritório ontem, certo? Eu sou Cheon Yiwon.
Os olhos da mulher alargaram-se quando ela viu o cartão de visita que o homem lhe deu. Ela sorriu com um sorriso refrescante enquanto olhava para ele como se aquilo fosse inacreditável.
— Eu sou advogado.
Continua….