Rosas e Champanhe - Capítulo - 05.1
O silêncio se instalou no grande escritório. Yiwon abriu a boca, enquanto buscava refinar a aparência desgrenhada que havia adquirido após a luta esperada.
— Peço desculpas pela minha grosseria. Não posso evitar porque também estou ocupado e nem sempre consigo encontrar tempo. Liguei para o senhor com antecedência, mas seus subordinados continuaram mentindo que não estava, então não encontrei outro jeito.
Caesar silenciosamente olhou para o rosto sorridente de Yiwon. Seu cabelo incomumente preto refletia delicadamente um tom preto azulado, brilhando apenas nas áreas que recebiam luz. Seus grandes olhos escuros se inclinaram rapidamente como uma lua crescente enquanto ele sorria, mostrando um olhar terrivelmente obsceno. Sua aparência desgrenhada logo desapareceu depois que ele ajeitou a gravata e jogou para trás o cabelo despenteado. Infelizmente, no entanto, parecia ainda mais decadente.
Era melhor que suas roupas estivessem amarrotadas e bagunçadas. Dessa forma, Caesar não teria o desejo de arrancar aquela camisa arrumada e amarrar seus pulsos com uma gravata.
Yuri, que inadvertidamente engoliu a saliva, percebeu tardiamente a realidade e rapidamente posicionou a Beretta em seus braços.
— Czar.
Como se disse que estava tudo bem, Caesar, que estava olhando diretamente para Yiwon, abriu a boca para a voz que o chamava.
— Eu disse que não o veria.
— E eu disse que também não tenho muito tempo.
Yiwon, que respondeu diretamente às palavras de Caesar sem prestar atenção em Yuri, deu um passo largo, endireitou as costas e o encarou.
— Eu te cumprimentei da última vez. É sobre a fábrica que o Sr. Zhdanov está tentando derrubar. Você tem grande influência sobre ele, certo?
Caesar, que estava sentado de pernas cruzadas ao fundo de uma poltrona de couro individual. Tirou uma caixa de charutos de uma gaveta com uma expressão indiferente no rosto.
— Bem, eu não sei.
Yiwon olhou para Yuri que, rapidamente, pegou um isqueiro e acendeu a ponta do charuto.
— Encontrei com o senhor no escritório deputado Zhdanov. Você não lembra? Eu definitivamente te dei meu cartão e me apresentei.
Depois de alguns segundos de silêncio, ele finalmente abriu a boca após cuspir uma pequena nuvem de fumaça.
— Isso aconteceu? Que pena, não me lembro. Sabe como é, os rostos asiáticos são todos iguais.
Ao ouvir isso, Yuri soltou um riso curto e suave. Caesar ignorou Yiwon com um rosto inexpressivo. O que Yiwon fez em seguida foi algo que nenhum deles esperava.
— …?
Yuri nem mesmo teve tempo de deter Yiwon, que imediatamente estendeu a mão e pegou a caneta-tinteiro da mesa como se a tivesse arrebatando. Em um abrir e fechar dos olhos, tudo aconteceu. A ponta afiada da caneta-tinteiro perfurou violentamente o couro grosso da poltrona e um som surdo estralou como uma pequena explosão de ar.
Além da pálida expressão de Yuri, que inspirou surpreso, estava Caesar, apoiado na poltrona de couro. Caesar, com o charuto na boca, olhou para os olhos negros que o fitavam. O movimento dos dedos longos de Yiwon ao jogar a caneta-tinteiro que agora estava presa ao lado de sua têmpora ainda refletia em seus olhos.
Este homem intrépido, não sendo audaz o suficiente, ainda se atreveu a fincar uma caneta junto ao rosto de Caesar Alexandrovich Sergeev.
Yuri se surpreendeu ao ponto de ficar com a mente em branco. Nesse instante o advogado, que estava debruçado sobre Caesar, abriu a boca.
— Isso lhe ajudará a se recordar de mim.
Caesar, que ainda estava calado, abriu a boca lentamente.
— Ora…
Os olhos cinza-prateados escureceram.
— Tenho certeza que vou me lembrar da próxima.
A voz tranquila pareceu percorrer por todo seu corpo. Yiwon, que o observava em silêncio, levantou o queixo. Quando se endireitou e olhou para Caesar, ele de repente sorriu. Yuri se surpreendeu novamente. Ele olhou para Caesar com um sorriso refrescante, como se nada demais tivesse acontecido.
— Bem, podemos continuar nossa conversa? — O silêncio permaneceu. Observando Caesar, que o encarava com olhos silenciosos, Yiwon continuou.— Estou aqui pela fábrica e terras que o sr. Zhdanov está tentando roubar de meu cliente. Suponho que o senhor o está ajudando.
Pausou propositalmente, mas Caesar não abriu a boca. Apenas olhava para Yiwon com uma expressão estranha como se quisesse dizer algo. Yiwon, então, seguiu o discurso, adicionando.
— Como o senhor já sabe, Zhdanov está sendo investigado devido a anos de corrupção. A posição de seu partido é bastante precária e creio que o partido irá cortar quaisquer de vereadores envolvidos em escândalos na próxima eleição.
Yiwon sorriu alegremente para Caesar, que seguia em silêncio.
— Então… Não acha que é questão de tempo para que Zhdanov seja preso?
Yuri enfiou a mão no bolso interno de seu terno como se fosse atirar nele assim que recebesse uma ordem. No entanto, Yiwon permaneceu com os olhos fixos em Caesar.
— Se isso acontecer, serão submetidos a uma investigação desfavorável, sem mencionar os prejuízos subsequentes. Isso não deve ser uma coisa boa do ponto de vista da organização. Não acha?
A voz de Yiwon abaixou de forma sedutora.
— Você não vai fazer nada que não seja bom para a organização, vai?
O silêncio foi total. Dentro do escritório, Yiwon e Caesar se entreolharam, incapazes de piscar os olhos. Novamente, Yiwon abriu a boca, acrescentando gentilmente.
— Os documentos e condições que você precisa revisar estão aqui dentro, então por favor veja e entre em contato conosco. Se eu não tiver notícias suas em três dias, eu volto.
Ele falou com uma voz refrescante, mas seu tom não parecia tranquilizador. O porquê dessas palavras soarem como uma ameaça seria claro para qualquer um que olhasse para a caneta-tinteiro ainda presa na cadeira. Yiwon colocou o envelope na mesa depois de dizer o que precisava e saiu com um breve sorriso em vez de se despedir. O silêncio que voltou a imperar na sala foi um pouco diferente.
— Quem é esse homem? Como se atreve a fazer algo assim? Está tudo bem, Czar? Ele te feriu?
Yuri, que voltou a si tardiamente, estava zangado como se aquilo fosse um completo absurdo. Ele falou rapidamente, mas César não respondeu. Impaciente e se culpando pela situação, Yuri pensou seriamente se deveria trazer Yiwon a força de volta e lhe dar um tiro certeiro na cabeça.
— Senhor, não deveríamos trazê-lo de volta e fazer com que ele pague pelo que fez?
Ele esperou impaciente, como se estivesse prestes a ouvir uma ordem, mas Caesar silenciosamente virou a cabeça e o ignorou. Os olhos de Caesar fitaram a caneta-tinteiro pregada na poltrona. Observando o rosto do chefe, que ainda não mostrava nenhuma mudança na expressão facial, Yuri fechou a boca com um olhar rígido.
Ignorando a reação de Yuri, os dedos longos de Caesar acariciaram lentamente a caneta-tinteiro fria. Yuri conteve a respiração e o observou como o Czar movimentava suavemente seus dedos. No minuto seguinte, Caesar, tirou a caneta da poltrona e a arremessou com força contra a parede, a caneta explodiu no baque, soltando um ruído terrível.
— Agora não posso devolver.
Yuri ficou arrepiado diante da voz seca que não pôde decifrar. Caesar virou a cadeira e disse, olhando diretamente para a janela.
— Descubra tudo sobre aquele homem. Relações familiares, cidade de origem, escolas que frequentou e o número de livros que possui.
— Sobre aquele advogado? Mas…
Yuri, que ficou surpreso com a ordem inesperada e tentou perguntar o porquê, rapidamente abaixou a cabeça e respondeu:
— Entendido.
Os olhos cinza-prateados de César se inclinaram com um brilho estranho.
— Sempre quis criar um tigre.
***
O clube secreto, recentemente conhecido pelos novos ricos, situava-se num local bastante sossegado, contrariamente à sua fama. Nos arredores da cidade, onde havia poucos transeuntes, carros de luxo se aproximavam da localização desejada um por vez suas identidades eram verificadas antes de serem guiados para o clube por um portão separado.
Não importava quem era o dono do clube ou para o que servia. Desde que conseguisse atender o desejo de seus frequentadores, ninguém se importava. Eles atendiam todas as exigências dos visitantes do clube. Com dinheiro e poder, tudo era possível.
— Bem-vindo, irmão!
Dimitri, que estava se divertindo com várias mulheres em uma grande mesa em sua sala privada, imediatamente levantou a mão para saudar Caesar quando o viu entrar pela porta. O gerente, que educadamente guiou Caesar até a mesa, deu um passo para trás, e Caesar segurou a mão de Dimitri sem muita expressão.
Mas, como se seu forte aperto de mão não bastasse, Dimitri puxou Caesar com força e o beijou apaixonadamente na bochecha. Caesar foi paciente, mas não o deixou beijar seus lábios.
— Só até aqui.
Caesar, que interrompeu o beijo alertando o primo sobre seus limites, sentou-se em frente a ele, enquanto Dimitri mostrava uma cara descontente.
— Você me deixava fazer isso quando eu era criança.
— Porque eu também era jovem.
Caesar falou amargamente e esvaziou o copo à sua frente. A mulher sentada ao lado dele imediatamente encheu o copo com vodka. Menos de cinco minutos depois que Caesar entrou no clube, já havia dezenas de mulheres ao seu redor.
A razão pela qual elas não podiam se esfregar contra Caesar era porque já conheciam a personalidade do homem, embora quisessem agradá-lo. Tudo o que tinham que fazer era conter a respiração e esperar para entregar seus corpos caso o homem as desejassem.
No entanto, ao contrário das mulheres ao lado de Caesar, que estavam nervosas e se encarando, as mulheres ao redor de Dimitri estavam rindo, enquanto tocavam e beijavam seu corpo.
Ao contrário de Caesar, que lembrava um lobo-polar, Dimitri tem cabelos castanhos escuros e olhos verdes escuros. Eles eram opostos desde a aparência à personalidade. Mesmo a atmosfera que os rodeavam eram claramente diferentes.
De um lado estava o frio ártico e, do outro, estava uma selva tropical. Como podem ser tão diferentes mesmo sendo primos? Toda vez que os viam, as pessoas sempre pensavam a mesma coisa. Assim sendo, ao contrário de Caesar, que nunca olhava para as mulheres, Dimitri sentava uma mulher em cada coxa, além de uma entre as pernas e beijava alternadamente outras duas que estavam sentadas ao lado dele. Mais de dez mulheres se aglomeraram ao redor de Dimitri, incluindo aquelas que empurraram as que estavam nos braços de Dimitri e agora brigavam para conquistar essa posição.
No entanto, Dimitri não negligenciou nenhuma delas. Quando a mulher que não conseguiu se sentar junto de Dimitri olhou para ele, ele riu alto e esfregou os lábios contra seus seios nus.
— Então, Caesar.
Dimitri, um dos poucos que o chamavam pelo nome, sorriu ao ver o rosto surpreso da mulher e continuou.
— Como vai o trabalho?
Caesar respondeu brevemente.
— Sem problemas.
Dimitri franziu a testa enquanto levava a vodka à boca. O gerente, que o observava de longe, fez um gesto rápido. As mulheres que os cercavam levantaram-se imediatamente e desapareceram em um instante. As mesas, que até então estavam cheias de mulheres, foram rapidamente esvaziadas. Depois que o gerente desapareceu, Dimitri tirou os olhos da porta da sala privada, que agora estava fechada, e olhou para Caesar.
— Você viu os papéis de Zhdanov, certo?
Caesar respondeu novamente brevemente desta vez.
— Claro.
— Mas você pretende continuar?
Diante da pergunta de Dimitri, Caesar não disse nada dessa vez. Dimitri, primo e melhor amigo, é um ex-KGB e agora é o dono do clube secreto. Embora ele seja um ex-membro da KGB, ele ainda é conhecido como tal. Não há nada que ele não consiga. É certo que esta informação foi dada por Dimitri. Diferente de antes, Dimitri falou de forma mais séria.
— Estou aguentando, mas se a equipe de investigação der um golpe decisivo, acabou. Pare de se preocupar, Caesar. Se Zhdanov estiver te incomodando, eu posso cuidar disso…
A boca de Caesar torceu-se friamente.
— Você acha que eu tenho medo de alguém como Zhdanov?
Dimitri imediatamente recuou com uma reação silenciosa e lenta.
— Claro que não.
— Pois bem.
Caesar serviu-se da vodka em um copo vazio. Dimitri, o encarando, abriu a boca.
— De qualquer forma, não há nada a ganhar, então… Não seria melhor simplesmente se livrar dele?
Respondendo em um tom um tanto suave, Caesar inesperadamente sorriu brevemente.
— Você tem que alimentar o tigre para domá-lo.
— Tigre?
Dimitri inclinou a cabeça para o lado, mas Caesar esvaziou a garrafa de vodka sem mais explicações. Dimitri respirou fundo ao vê-lo de pé.
— Ouvi dizer que Mikhail teve uma recaída.
César endireitou-se e olhou para ele. Embora Mikhail fosse um nome comum na Rússia, havia apenas um Mikhail que ambos conheciam.
— Você está mais velho agora, tem que ter cuidado. — Em resposta à reação tranquila de Caesar, Dimitri continuou. — Estão todos calados dentro da organização de Mikhail, mas anda rolando por aí o rumor de que Lomonossov não tem sucessor, então se Mikhail acabar assim…
Dimitri foi vago no final de seu discurso, mas eles já sabiam a conclusão. Um leve sorriso apareceu nos lábios de Caesar.
— A Rússia estará em minhas mãos.
— Salve Czar!
Dimitri disse significativamente e esvaziou o copo que ele estava segurando em seguida. Caesar se virou, dirigindo-se a saída da sala privada. Assim que ele alcançou a maçaneta, Dimitri disse de repente.
— É a sala à direita, no final do corredor.
Quando Caesar se virou, Dimitri sorriu amargamente.
— Seja legal, sim? Elas são garotas de primeira.
Ceasar se virou e saiu da sala privada sem mais delongas. Como se fosse uma deixa, as mulheres correram de volta para a sala. O gerente entrou apressadamente e disse, atrás das mulheres que correram para o lado de Dimitri.
— Temos dez pessoas preparadas, como o senhor ordenou.
— Muito bem. Eles estão bem abastecidos de álcool?
O gerente assentiu com um rosto firme.
— Armazenamos três vezes a quantidade usual. Caso necessário, também alertei a empresa fornecedora de bebidas para esperar a noite toda caso haja a necessidade.
— É necessário muito álcool para ele. Demora muito para ele ficar bêbado, então sirva bebidas de vez em quando. Não deixe de forma alguma ele ficar sem bebidas.
Dimitri, enfatizando novamente, sorriu com carinho para a bela loira que saiu vitoriosa e se sentou ao lado dele. Após ser expulsa da luta, a mulher sentada do outro lado rapidamente falou com Dimitri para distraí-lo.
— Mas Dimitri, ele realmente dorme com dez em uma noite? Sozinho?
Dimitri riu alto, expressando sua descrença.
— Difícil de acreditar, não é? Mas é isso mesmo. Ele parece um poço de paz e calmaria do lado de fora, mas esse cara é uma fera por natureza.
Dimitri lembrou com um olhar melancólico e um sorriso persistente.
— Nós só fizemos sexo juntos uma vez.
Dimitri abasteceu seu copo vazio e, em seguida, ergueu o copo recém-cheio de vodka.
— Comprei cinco garotas e me distraí enquanto brincava. Sabe o que aconteceu no dia seguinte?
As mulheres olharam para Dimitri, atentas. Dimitri sorriu e disse.
— Três delas foram hospitalizadas. Eu não pude fazer nada.
Os sons das reparações surpresa foram ouvidos por todos os lados. Dimitri esvaziou o copo de vodka em seguida, pousando o copo, enquanto todos o encaravam de forma hesitante.
— Desde então, ele bebe sem parar quando faz sexo. Por que acha que ele faz isso? — Desta vez não houve resposta. Dimitri deu a resposta sem esperar. — Ele bebe a noite toda até ficar bêbado o suficiente ao ponto de não aguentar mais, só então ele para.
A sala privada ficou em silêncio. Dimitri sorriu fracamente para as garotas que estavam sem palavras.
— Esse cara, ele nunca se cansa.
Enquanto o silêncio imperava, Dimitri levantou a vodka com uma expressão alegre, porém cheia de conflitos.
— Vamos ver quanto tempo ele dura desta vez.
Continua…